24 de setembro de 2011

Hino da JMJ 2011

JUVENTUDE

Sementes de um futuro bom!

Somos a semente do amanhã...
Quando em nossa alma carregamos o respeito pela vida,
Quando tratamos o outro como irmão,
Quando não nos desprendemos do nosso ideal.
Fazendo o sonho acontecer, caminhando juntos,
entendendo a fragilidade do próximo,
sem o menosprezar ou simplesmente trocá-lo como se fosse mercadoria.
A semente do amanhã que se planta no presente,
ela tem como essência o brilho na certeza de construir o reino de Deus e
assim abrir as portas para o novo que vem.
Não sabemos tudo o que nos aguarda, mas podemos ter uma idéia,
se olharmos claramente para o nosso presente,
pois é no hoje que tecemos a roupa do futuro,
a forma da qual seremos vistos.
Se quisermos justiça, sejamos justos;
Se quisermos união, sejamos íntegros;
Se quisermos respeito, sejamos sinceros;
Se quisermos compreensão, sejamos pacientes;
Se quisermos paz, sejamos construtores;
Se quisermos um mundo novo, então sejamos essa mudança.



Mario Sioli
Maringá - PR (adaptado)

12 de setembro de 2011

Jornada Mundial da Juventude


Card. Odilo P. Scherer - Arcebispo de São Paulo - SP



O tema da Jornada Mundial da Juventude, na Espanha é belo, profundo e tem um significado muito atual: “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Cl 2,7). Na Carta aos Colossenses, São Paulo exorta os fiéis a não se deixarem abalar na fé em Cristo e a não se perturbarem com outros ensinamentos e propostas. “Firmes na fé em Cristo”, equivale a um apelo a não desanimar e a perseverar diante das dificuldades inerentes a condição de cristãos.

O tema aponta para o centro da vida cristã: o Cristo. Ser cristão é ser discípulo de Cristo; é estar ligado a ele com uma relação estreita e vital; é receber dele a vida nova, mediante a fé e o batismo. Para São Paulo, isso significa “estar n’Ele”, ser edificado n’Ele, enraizar-se n’Ele. Significa que “já não somos mais estrangeiros e estranhos a Cristo e a Deus, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2,11-19). Sem esta referência, o cristão perde o rumo e a Igreja, o seu sentido.

A Igreja aponta para Cristo e convida jovens e adultos a encontrá-lo, a se deixar encantar por ele, a experimentar a alegria e a paz de estar em sua companhia; a acolher sua Palavra e seguir seus passos vida afora. Sim, porque Ele é o Salvador, o pastor, que conduz e ama seu rebanho, que dá a vida pelas ovelhas; é a porta aberta, que leva direto ao encontro com Deus; o “pão”, que sacia toda fome e faz viver para sempre; a água, que mata toda a sede; é a luz, que permite caminhar sem tropeços e sem errar o caminho; é a verdade, a vida, o rosto humano de Deus... Isso interessa aos jovens?

Em nossos dias, o cristão encontra-se muitas vezes desafiado a viver a fé num contexto de esquecimento de Deus, numa espécie de “eclipse do sentido de Deus”, quando não, de clara negação e rejeição de Deus. Renascem movimentos de ateísmo militante e de negação e combate do sentido da fé e da vivência religiosa. Sempre mais se afirma o laicismo na vida pública e se pretende até legislar para tirar dos espaços públicos os sinais e símbolos da fé, sob o pretexto de preservar a liberdade daqueles que não crêem. Crer ofende a quem não crê? Em nome do “Estado laico”, pretende-se relegar a fé e a religião, no máximo, para o espaço da vida privada, sem lhes reconhecer alguma relevância para o convívio social.

No entanto, quando se coloca Deus de lado, também o homem e o mundo perdem seu sentido. Sem uma referência consciente ao Criador, a criatura perde sua identidade e dignidade. O esquecimento ou desprezo de Deus estão na origem de tantos problemas do mundo e da sociedade. Por isso, é necessário e urgente que se reconheça novamente o primado de Deus na vida do homem. “Tudo muda, dependendo se Deus existe, ou não” (Ratzinger, Jubileu dos catequistas, 10.12.2000).

Na sua Mensagem para a Jornada Mundial da Juventude de Madrid, o papa Bento XVI escreve: “Deus é a fonte da vida; eliminá-lo, equivale a separar-se desta fonte e, inevitavelmente, privar-se da plenitude e da alegria. Sem o Criador, a criatura se dilui” (Gaudium et Spes, 36).

A fé é um dom de Deus, que ilumina a vida daquele que crê e a transforma. Só com a fé em Deus, mediante a qual o homem pode entrar em comunhão com Deus e estabelecer com ele um laço de confiança, é que a vida encontra sua plenitude. “Tu nos fizeste para ti, Senhor, e nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em ti” (Agostinho).

A fé nos faz aderir firmemente a Deus e a tudo o que Ele significa e revelou para nós. Com freqüência, o ato de fé é incompleto: “creio em Deus, mas...” Existe a tendência de fazer cortes e exclusões no conjunto das verdades da fé e, sobretudo, de desvincular a fé da vida: na prática, vive-se como se Deus não existisse, ou nada significasse para nossa vida e para o mundo. Um Deus “excluído” do mundo não equivale ao Deus da revelação bíblica e da fé cristã.

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 09.08.2011